domingo, 7 de novembro de 2010

Por que um blog?

Olá !
            Vou iniciar este blog tentando explicar um pouco os motivos que me levaram a me aventurar nessa mídia e os princípios que pretendo adotar nesse espaço.
            Bem, esse blog objetiva simplesmente colocar aqui alguns pensamentos que julgo interessantes e que gostaria de compartilhar e colocar sob o crivo do julgamento alheio. De forma ampla, política é precisamente o que pretendo fazer aqui. Mas como afirmar que farei política é vazio de significado, tendo em vista que não acredito que possa haver conduta não política, o que farei, ou tentarei fazer, é precisamente travar discussões sobre políticas de verdades.
            Nesse sentido já explico o título que dei ao blog. Já sei que se trata de título bastante pretensioso, sei inclusive que não conseguirei dar vazão a essa pretensão, mas quis arriscar. O desmontador aqui uso de forma ambígua, me referindo tanto ao sentido mecânico de separar as partes quanto ao ato do cavaleiro que se arria da montaria. O que quero é, nas publicações, separar a verdade em partes para ser capaz de identificar o que constitui esse verdadeiro. Espero com isso conseguir contribuir para que, aqueles que se dispuserem a ler-me, consigam se arriar das suas verdades, não para se montar nas minhas, mas para que possam contemplar um pouco as partes que compõe essas verdades e principalmente o caminho que se pretende trilhar com elas.
            Não falarei aqui de um único assunto, a intenção é comentar pensamentos que tenho no cotidiano, provenientes das minhas leituras, de notícias sobre as quais eu tenha alguma opinião, sobre fatos que eventualmente não sejam objeto de cobertura da mídia, em fim, creio ter deixado claro que não tenho um assunto pré-definido, e que lidarei com esse espaço abusando do seu maior potencial, a liberdade.
            Orientar-me-ei aqui por dois princípios básicos. O primeiro é um imperativo categórico: a negativa absoluta da neutralidade. “Todo conhecimento, seja ele científico ou ideológico, só pode existir a partir de condições políticas que são as condições para que se formem tanto o sujeito quanto os domínios de saber.” [1] Dessa maneira, é preciso reconhecer que esse blog também estará “maculado” com as limitações históricas desse autor, que é incapaz de ser neutro e se recusa a tentar se “travestir” com essa pretensão.
            O meu segundo princípio já foi mais ou menos enunciado. Trata-se da um princípio de método. Quero aqui por tudo em questionamento. Não busco o ponto de apoio de Arquimedes, quero essencialmente desestabilizar, dissolver, desfazer, desmontar o que se entende por verdade e tratar a verdade como produto de um solo histórico e que é constituída e limitada por esse episteme.        
            Já peço desculpas de antemão por que sei que não conseguirei cumprir isso que estou me propondo e já sei que diversas vezes simplesmente esboçarei aqui alguma opinião mal formulada. Acredito que mesmo nesses momentos de “falha” o blog terá sua “utilidade”: abrir a discussão sobre esses raciocínios e me ajudar a aperfeiçoá-los ou descartá-los.
            Por fim quero expressar uma última expectativa minha. De forma geral, espero que esse blog não sirva para nada. Num mundo onde tudo parece servir para alguma coisa, acho que seria curioso dedicar um tempo de nossas vidas a algo que não serve para nada. Acredito que ao nos dedicarmos a algo que não serve para nada, sejamos capazes de perceber que não servir para nada significa fundamentalmente não servir a nada do que está posto. E é através dessas coisas inúteis que espero que consigamos perceber que tudo que serve para alguma coisa serve antes a algo. Creio que é então através das coisas inúteis que podemos perceber ao que serve aquilo que dizemos ser útil.                   
            Desejo a tod@s grandes momentos de inutilidade nesse espaço.

Cordialmente
Ivan Sampaio 


[1]FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 23ª edição, Editora Graal. Rio de Janeiro. 2007 – Introdução (Pag. XXI).

15 comentários:

  1. Desmontar a verdade é pular das ancas já cadavéricas desta montaria que ainda insiste em nos carregar pelo campo fedorento: tropeçar no ar pestilento? cair de bunda na merda? - sempre achei que a estátua era a representação mimética de alguém cagando.

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  2. Certamente a idéia é desmontar, como falei, no sentido ambíguo do termo. Agora, certamente não posso discordar da interpretação do Q. sobre a "estátua". Não duvido nada ao nos "desmontarmos" dessa montaria percebamos que não se trava de vigoroso potro alazão, mas de um sujo vazo sanitário.
    Nesse sentido o único sentido de condução da peça é para baixo, e o destino não é dos mais perfumados.

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  3. então vamos desestabilizar geral, mexer com essas bases estabilizadas do geral! Ah! essas bases estabilizadas em geral... tem q desestabilizar essa geral! Q p*&$% de estabilização!
    abs
    cass.

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  4. Parabéns pelo blog, Ivan, você vai ver que apesar do trabalho que dá para manter um, trata-se de um instrumento bem interessante.

    abraços

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  5. Aliás, amanhã vos adiciono a minha lista e faço uma postagem administrativa anunciando a sua inclusão para o pessoal que lê meu blog dê uma olhada aqui.

    abraços

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  6. Prof. Cassiano, uma boa frase que gosto de lembrar quando falo em desestabilização é "Seus dias de fartura estão contados." do filme Edukators. heheheheh...

    E Valeu Hugo pela força !

    Abraço.

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  7. Bom, bom! Vamos vendo! Sobre as inutilidades desse mecanismo cibernético, vale as palavras do Manoel de Barros em seu Compêndio para uso dos pássaros: "Vento?/ Só subindo no alto da árvore/ que a gente pega pelo rabo.../"

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  8. Prontinho, Ivan: Adicionei-te na lista e passei o recado para o pessoal que lê meu blog dar uma passada aqui.

    abraços

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  9. "Acredito que ao nos dedicarmos a algo que não serve para nada, sejamos capazes de perceber que não servir para nada significa fundamentalmente não servir a nada do que está posto."

    Boatos dizem que me dedico mto ao nada, então me identifiquei mto desde o começo =)

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  10. Joel,

    Acho que temos uma pequeno problema ai.
    Existe uma diferença fundamental entre se dedicar a algo que não serve para nada (que é basicamente não servir a nada do que está colocado) e simplesmente não se dedicar a nada.
    O ócio até pode ser interessante, desde que guarde em si uma motivação que não a pura preguiça. rs...rs...rs...

    Abraço

    Ivan

    P.s: Vc assistiu o vídeo que te encaminhei por e-mail ?

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  11. Ivan!

    Pelo menos pela blogosfera conseguiremos manter um pouco dos nossos debates matinais, falando nisso!

    Hoje minha primeira aula discutia a Revolução Rusa, partido de quadros, partido de massas e culminou com um debate sobre democracia discutindo a relação dos golpes militares ocorridos no mundo e a cia, óbvio que me lembrei do Missing na hora!

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  12. rs, sou produtivo, rs.
    Sim, assisti.. bem legal, os desenhos sao engraçados,rs. Te respondi o email..pro seu gmail.

    Abraço..

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  13. Pois é Luka, essa, ainda estranha para mim, "blogosfera", tem lá suas vantagens. Mas vc sabe, ainda assim não é a mesma coisa. Nossas conversas eram muito mais agradáveis por pensar que elas logo seriam interrompidas por uma "eleitrizante" aula de processo civil. Era uma pausa entre duas seções de tortura (a primeira de 3 e a segunda de 2 créditos)rs...rs...rs...

    Tá vendo, enquanto algumas pessoas se divertem em seus estudos, outras passam cinco anos e descobrem que a unica coisa que ganharam na faculdade foi uma úlcera... rs...rs...rs...

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  14. O blog já está pronto! Cadê os textos!!! rsrsrs

    Abraço!

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  15. Demorou mais saiu: http://desmontadordeverdades.blogspot.com/2010/11/alienacao-no-meio-estudantil.html
    Abraço!

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